IV Levantamento sobre o Uso de Drogas entre crianças e adolescentes em situação de rua de seis capitais brasileiras, nos anos de 1987, 1989, 1993 e 1997.

Sinopse

No ano de 1997, assim como nos anos de 1987, 1989 e 1993, o consumo de drogas continuou muito freqüente entre as crianças e adolescentes em situação de rua nas seis capitais pesquisadas (São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife e Brasília).

Além da alta porcentagem de usuários, chamou também atenção a intensidade do consumo, com cerca de metade dos entrevistados relatando uso diário (uso pesado) de drogas, além do álcool e tabaco.

O consumo de álcool, tabaco, solventes e maconha continuou elevado em todas as capitas pesquisadas. Em São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília a cocaína também apareceu com uma freqüência muito elevada, sendo que em Recife e Fortaleza, o consumo dessa droga foi muito inferior às demais.

No entanto, em Recife, Fortaleza e Brasília foi observado um elevado número de usuários de medicamentos, dentre os quais destacaram-se: o Rohypnolâ (nas três capitais mencionadas), Artaneâ (em Recife e Fortaleza) e o Benfloginâ (em Fortaleza).

Em Brasília, cidade pesquisada pela primeira vez, além do álcool, tabaco, solventes, maconha e medicamentos, foi observado um elevado número de usuários de "merla"; um derivado da cocaína cujo uso parece ser uma peculiaridade regional.

Quando os dados são comparados com os levantamentos anteriores, chama a atenção o crescente consumo de cocaína na maioria das capitais pesquisadas, bem como a diminuição de medicamentos psicotrópicos em São Paulo e Porto Alegre.

Foram raros os entrevistados que citaram o consumo de drogas como motivo para a saída de casa ou abandono escolar; em geral, a saída de casa parece ser desencadeada pela má qualidade de vida no ambiente familiar, tendo sido citados motivos como maus tratos e discussões constantes entre os membros da família.

Um elevado número de crianças e adolescentes relataram tentativas de suicídio, porém não parece existir uma relação causal entre o consumo de drogas e este comportamento. Essa situação parece estar mais relacionada aos demais fatores inerentes ao próprio fato viver em situação de rua.

A maioria dos entrevistados relatou expectativas de estudar e trabalhar, bem como ocupar o tempo com atividades como ler, escrever, trabalhar, praticar esportes e brincar. Esses dados mostram que existe o interesse pela reinserção social e, nesse sentido, os potenciais dessas crianças e adolescentes deveriam ser mais valorizados.

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Introdução

Departamento de Psicobiologia - Unifesp/EPM

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